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    Prefeitura de Lages, SC


     

    Algo está errado?

    “Veu Lesa, um aldeão de 73 anos em Tuvalu, não precisa de relatórios científicos para saber que o nível do mar está subindo”, diz o jornal The New Zealand Herald. “As praias de seu tempo de infância estão desaparecendo. A água salgada matou as plantações que alimentavam sua família. Em abril [de 2007], ele teve de deixar sua casa quando uma maré alta a inundou e as ondas despejaram nela pedras e entulho.”

    Para as pessoas de Tuvalu, um arquipélago no máximo a 4 metros acima do nível do mar, o aquecimento global não é mera teoria, mas “uma realidade diária”, diz o jornal Herald. Milhares de habitantes já deixaram as ilhas e muitos outros estão se preparando para fazer isso.
    Ao mesmo tempo, Robert, que mora em Brisbane, Austrália, só pode regar seu jardim em certos dias, usando um balde em vez de uma mangueira. E, a menos que leve seu carro para lavar num posto que recicla a água, ele só pode lavar algumas partes do carro: placas, espelhos e janelas. Por que essas restrições? Robert mora numa parte do país que está enfrentando uma seca, considerada a pior nos últimos cem anos. Em outras regiões, a situação é ainda mais grave. Será que os problemas na Austrália e em Tuvalu são evidências do aquecimento global?

    Quais as previsões

    Muitos acreditam que as atividades humanas são uma das principais causas do aquecimento global, que pode ter conseqüências catastróficas sobre o clima e o meio ambiente. Por exemplo, o derretimento em grande escala das geleiras e a expansão dos oceanos por causa do aumento da temperatura das águas podem fazer o nível do mar subir vertiginosamente. Ilhas baixas como Tuvalu talvez desapareçam, e também grandes partes da Holanda e da Flórida, para mencionar apenas duas outras regiões. Milhões de pessoas talvez tenham de abandonar lugares como Xangai, Calcutá e partes de Bangladesh.
    O aumento da temperatura também pode intensificar tempestades, inundações e secas. No Himalaia, geleiras das regiões que abastecem sete sistemas fluviais estão desaparecendo, o que pode causar falta de água para 40% da população do mundo. Também estão em perigo milhares de espécies de animais, incluindo ursos-polares, que em geral caçam no gelo. De fato, já existem relatórios indicando que há muitos ursos perdendo peso e alguns até morrendo de fome.
    Outro efeito causado pelo aumento da temperatura é que mosquitos, carrapatos e outros organismos patogênicos, incluindo fungos, talvez se alastrem por outras regiões, disseminando doenças. “As mudanças climáticas são uma ameaça quase tão terrível quanto as armas nucleares”, diz a revista Bulletin of the Atomic Scientists. “A curto prazo, os efeitos podem não ser tão graves . . . , mas nas próximas três ou quatro décadas as mudanças climáticas talvez causem danos irremediáveis aos habitats dos quais as sociedades humanas dependem para sobreviver.” No entanto, alguns cientistas acreditam que a situação é pior ainda, porque para eles as mudanças atribuídas ao aquecimento global estão ocorrendo mais rápido do que esperavam.
    Devemos acreditar nessas previsões? Será que a vida na Terra está mesmo ameaçada? Os que duvidam do aquecimento global dizem que essas previsões terríveis não têm base. Outros não sabem no que acreditar. Assim, qual é a verdade? O futuro da Terra — e o nosso — está em perigo?

    O planeta Terra está sob ameaça?

    O AQUECIMENTO global tem sido descrito como a maior ameaça à humanidade. De acordo com a revista Science, o que preocupa os pesquisadores “é a possibilidade de termos iniciado uma lenta, mas irrefreável, avalanche de mudanças”. Os céticos questionam essa declaração. De fato, muitos concordam que a Terra está ficando cada vez mais quente, mas estão incertos quanto às causas e às conseqüências. Dizem que as atividades humanas talvez sejam um fator, mas não necessariamente o principal. Por que essas diferenças de opinião?
    Um dos motivos é que os complexos processos físicos por trás dos sistemas climáticos não são entendidos plenamente. Outro motivo é que grupos interessados na proteção do meio ambiente costumam interpretar à sua maneira dados científicos, como os usados para mostrar por que a temperatura está aumentando.

    A temperatura está mesmo aumentando?

    De acordo com um recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), patrocinado pela ONU, o aquecimento global é “inequívoco”, ou seja, um fato; e é “bem provável” que a humanidade tenha boa parte da culpa. Alguns não concordam com isso, em especial quanto ao fator humano, mas admitem que a temperatura nas cidades pode estar aumentando por causa do crescimento delas. Além disso, o concreto e o aço absorvem o calor do sol com facilidade e, em geral, demoram a esfriar à noite. Mas a temperatura medida nas cidades, segundo os céticos, não reflete o que acontece nas regiões rurais e pode distorcer as estatísticas globais.
    Por outro lado, Clifford, um aldeão idoso que mora numa ilha perto da costa do Alasca, afirma ter visto mudanças com os próprios olhos. Os habitantes de sua aldeia atravessam o mar congelado para caçar caribus e alces. Mas o aumento da temperatura está impossibilitando o estilo de vida tradicional. “As correntes mudaram, as condições do gelo mudaram, o congelamento do mar de Chukchi . . . mudou”, diz Clifford. Segundo ele, antes o mar congelava no fim de outubro, mas agora só congela no fim de dezembro.
    Em 2007, o aquecimento também se tornou evidente na Passagem do Noroeste, que pela primeira vez na História ficou completamente desobstruída. “O que vimos este ano comprova que os períodos de degelo estão ficando mais longos”, disse um cientista-sênior do Centro Nacional de Dados sobre os Gelos e as Neves, dos Estados Unidos.

    O efeito estufa: essencial para a vida

    Um dos motivos para essas mudanças é a intensificação do efeito estufa, fenômeno natural essencial para a vida na Terra. Quando a energia solar chega à Terra, cerca de 70% é absorvida, aquecendo o ar, o solo e o mar. Se não fosse por esse mecanismo, a temperatura média da superfície terrestre seria de uns 18 graus Celsius negativos. Por fim, o calor absorvido volta ao espaço na forma de radiação infravermelha, evitando assim que a Terra superaqueça. Mas a atmosfera retém mais calor quando poluentes mudam sua composição. Isso pode fazer com que a temperatura da Terra aumente.
    Gases como dióxido de carbono, óxido nitroso, metano e vapor de água contribuem para o efeito estufa. A concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera aumentou de modo significativo nos últimos 250 anos, desde o início da Revolução Industrial e o aumento no uso de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo. Outra possível causa da intensificação do efeito estufa é o aumento da quantidade de animais de criação, pois seus processos digestivos produzem metano e óxido nitroso. Alguns pesquisadores mencionam outras causas do aquecimento que, segundo eles, ocorreram antes que o homem pudesse influenciar o clima.

    Apenas uma variação normal?

    Os que duvidam que os humanos sejam responsáveis pelo aquecimento dizem que a temperatura da Terra já teve variações significativas no passado. Mencionam os chamados períodos glaciais, quando a Terra era supostamente bem mais fria do que agora; e, para apoiar a teoria do aquecimento natural, citam evidências de que em certa época em regiões frias, como a Groenlândia, crescia vegetação típica de regiões mais quentes. No entanto, os cientistas admitem que quanto mais voltam no tempo, mais difícil é afirmar como era o clima.
    O que causou as significativas variações de temperatura antes da influência humana? Entre as possíveis causas estão as manchas e erupções solares, que têm a ver com as variações da emissão de energia solar. Além disso, a órbita da Terra se movimenta em ciclos que duram muitos milhares de anos e afetam a distância entre nosso planeta e o Sol. Existe também a influência da poeira vulcânica e das mudanças nas correntes oceânicas.

    Simulações climáticas

    Se a temperatura da Terra está aumentando — não importa a causa ou as causas —, que efeito isso terá sobre nós e o meio ambiente? É difícil fazer previsões exatas. Mas hoje em dia os cientistas podem usar computadores potentes com programas de simulação digital do sistema climático. As leis da física, os dados climáticos e os fenômenos naturais que influenciam o clima são introduzidos nesses programas.
    Essas simulações permitem que os cientistas façam experiências climáticas que de outra forma seria impossível fazer. Por exemplo, eles podem “mudar” a quantidade de energia emitida pelo Sol para ver como isso afeta o gelo polar, a temperatura do ar e do mar, o índice de evaporação, a pressão atmosférica, a formação de nuvens, o vento e a chuva. Conseguem simular erupções vulcânicas e analisar o efeito que a poeira vulcânica tem sobre o clima. E podem examinar os efeitos do desmatamento, da forma como o solo é usado, do crescimento populacional, das mudanças nas emissões dos gases de efeito estufa e assim por diante. Os cientistas esperam que essas simulações aos poucos se tornem mais exatas e confiáveis.
    Até que ponto as simulações atuais são exatas? É claro que muito depende da precisão e da quantidade de dados introduzidos nos computadores. Por isso, previsões climáticas variam de moderadas a catastróficas. Mesmo assim, de acordo com a revista Science, “podem surgir surpresas no sistema climático [natural]”. E algumas já surgiram, como o rápido derretimento ártico, surpreendendo muitos climatologistas. No entanto, mesmo que as autoridades legisladoras tivessem apenas uma vaga idéia das conseqüências de se agir ou deixar de agir de determinada maneira, poderiam tomar decisões hoje que talvez reduzissem os problemas de amanhã.
    Em vista dessa possibilidade, o IPCC examinou seis cenários simulados por computador que variam desde a produção irrestrita de gases de efeito estufa às restrições atuais e, por fim, a restrições mais rígidas. Cada uma dessas simulações produz reações climáticas e ambientais diferentes. À luz dessas previsões, os analistas recomendam várias medidas, incluindo limites obrigatórios nas emissões de combustíveis fósseis, multas para os infratores, maior produção de energia nuclear e a introdução de mais tecnologias que não danifiquem o meio ambiente.

    As simulações são confiáveis?

    Segundo os críticos, os métodos atuais de previsão “simplificam demais processos climáticos pouco entendidos” e “simplesmente ignoram outros processos”. Eles também apontam para as incoerências nas simulações computadorizadas. Um cientista que participou dos debates do IPCC disse: “Alguns de nós nos sentimos tão insignificantes ao tentar medir e entender o extraordinariamente complexo sistema climático que duvidamos da nossa capacidade de saber o que ele está fazendo e por quê.”
    Naturalmente, alguns diriam que usar o fator dúvida como justificativa para não fazer nada é brincar com o futuro. Perguntam: “Como explicaríamos isso a nossos filhos?” Quer as simulações climáticas sejam exatas quer não, podemos ter certeza de que algo está muito errado com a Terra. Seu sistema de sustentação da vida está sendo prejudicado por coisas como poluição, desmatamento, urbanização e extinção de espécies, só para mencionar alguns fatores que ninguém pode contestar.
    Em vista do que sabemos, podemos esperar que a humanidade como um todo faça mudanças radicais a fim de salvar nosso belo lar e a si mesma? Além do mais, se as atividades humanas estão causando o aquecimento global, talvez tenhamos apenas anos e não séculos para fazer as necessárias mudanças. Essas mudanças envolveriam, no mínimo, lidar prontamente com as causas básicas dos problemas na Terra: ganância, egoísmo, ignorância, incompetência política e indiferença. Será que é razoável esperar isso ou é apenas um sonho? Se for um sonho, significa então que não há esperança? Essa pergunta será considerada no próximo artigo.

    COMO SE MEDE A TEMPERATURA DA TERRA?

      Para ilustrar os desafios, como você mediria a temperatura de uma sala grande? Por exemplo, onde colocaria o termômetro? Visto que o ar quente sobe, o ar perto do teto provavelmente estaria mais quente do que o ar perto do chão. A temperatura indicada no termômetro também seria afetada se ele fosse colocado perto de uma janela, sob a luz solar ou à sombra. A cor também poderia contribuir para que o termômetro indicasse outra temperatura, pois as superfícies escuras absorvem mais calor.
      Assim, uma única medição talvez não fosse suficiente. Você teria de medir a temperatura em diversos pontos da sala e depois calcular a média. Além disso, o termômetro talvez indicasse temperaturas diferentes de um dia para o outro e de uma estação para a outra. Então, para conseguir uma média precisa, você teria de medir a temperatura várias vezes durante um período prolongado. Levando esses fatores em consideração, imagine como é complicado medir a temperatura geral da superfície terrestre, da atmosfera e dos oceanos! Mesmo assim, essas estatísticas são essenciais para avaliar as mudanças climáticas com exatidão.

    A ENERGIA NUCLEAR É UMA SOLUÇÃO?

      O mundo nunca consumiu tanta energia como agora. Visto que a queima de petróleo e de carvão produz gases de efeito estufa, alguns governos estão considerando o uso da energia nuclear como uma alternativa mais limpa. Mas isso também apresenta desafios.
      O jornal International Herald Tribune noticiou que na França, um dos países que mais depende da energia nuclear, todo ano, são necessários até 19 bilhões de metros cúbicos de água para resfriar os reatores. Durante a onda de calor de 2003, a água quente que normalmente é expelida pelos reatores da França ameaçou aumentar a temperatura dos rios a níveis que poderiam prejudicar o meio ambiente. Por isso, algumas usinas tiveram de ser desativadas. Tudo indica que essa situação vai piorar se a temperatura global subir.
      “Para termos energia nuclear, precisamos resolver o problema das mudanças climáticas”, disse David Lochbaum, engenheiro nuclear, da União dos Cientistas Preocupados.

    DESASTRES CLIMÁTICOS EM 2007

      Em 2007 ocorreu o maior número de desastres climáticos de toda a História. A Agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários emitiu 14 pedidos de emergência, 4 a mais do que o recorde anterior, estabelecido em 2005. Alistamos abaixo apenas alguns dos desastres que ocorreram em 2007. É claro que acontecimentos isolados não indicam necessariamente uma tendência de longo alcance.
    ▪ Grã-Bretanha: Mais de 350 mil pessoas foram afetadas pelas piores enchentes em mais de 60 anos. Na Inglaterra e no País de Gales, os meses de maio a julho foram os mais chuvosos desde 1766, quando registros começaram a ser mantidos.
    ▪ África Ocidental: Enchentes afetaram 800 mil pessoas em 14 países.
    ▪ Lesoto: Temperaturas altas e a seca destruíram plantações. Umas 553 mil pessoas talvez precisem receber ajuda alimentícia.
    ▪ Sudão: Chuvas fortes deixaram 150 mil desabrigados. Pelo menos 500 mil pessoas receberam ajuda.
    ▪ Madagascar: Ciclones e chuvas fortes assolaram a ilha, desabrigando 33 mil habitantes e destruindo as plantações de 260 mil pessoas.
    ▪ Coréia do Norte: Calcula-se que 960 mil pessoas foram severamente afetadas por enchentes e deslizamentos de terra e de lama em vários lugares.
    ▪ Bangladesh: Enchentes afetaram 8,5 milhões de habitantes e mataram mais de 3 mil pessoas e 1.250.000 animais de criação. Quase 1,5 milhão de casas foram danificadas ou destruídas.
    ▪ Índia: Enchentes afetaram 30 milhões de pessoas.
    ▪ Paquistão: Chuvas causadas por ciclones deixaram 377 mil habitantes desabrigados e mataram centenas.
    ▪ Bolívia: Mais de 350 mil pessoas foram afetadas por enchentes e 25 mil ficaram desabrigadas.
    ▪ México: Enchentes regionais deixaram pelo menos 500 mil pessoas desabrigadas e afetaram mais de 1 milhão de habitantes.
    ▪ República Dominicana: Chuvas fortes prolongadas causaram enchentes e deslizamentos de terra, desabrigando 65 mil pessoas.
    ▪ Estados Unidos: Secas no sul da Califórnia causaram incêndios que obrigaram 500 mil pessoas a fugir de suas casas.

    O futuro da Terra — nas mãos de quem?

    “O AQUECIMENTO GLOBAL [é] a maior prova com que já nos defrontamos”, afirmou a revista National Geographic de outubro de 2007. Segundo a revista, só seremos bem-sucedidos em enfrentar esse desafio se “agirmos com rapidez e decisão — e com uma maturidade que raramente demonstramos enquanto sociedade ou espécie”.
    Será que os humanos mostrarão essa maturidade? Há muitos fatores contra ela: apatia, ganância, ignorância, interesses egoístas, empenho por riquezas em países em desenvolvimento e o descaso de milhões de pessoas que querem manter um estilo de vida que consome muita energia.
    Um profeta de Deus, do passado, fez uma avaliação realista de nossa capacidade de resolver problemas éticos, sociais e governamentais. Ele escreveu: “Não é do homem terreno o seu caminho. Não é do homem que anda o dirigir o seu passo.” (Jeremias 10:23) A trágica história da humanidade comprova que essas palavras são verdadeiras. E hoje, apesar dos desenvolvimentos significativos na ciência e na tecnologia, nos confrontamos com ameaças que antes eram impensáveis. Assim, até que ponto podemos confiar que o amanhã será melhor?
    É verdade que muito já se falou sobre resolver o problema das mudanças climáticas e de outras tendências prejudiciais, mas pouco tem sido feito. Por exemplo, como as nações reagiram em 2007 quando a Passagem do Noroeste tornou-se navegável pela primeira vez? “Com uma correria ilógica a fim de apropriar-se de áreas expostas da plataforma continental para [poderem] perfurá-la em busca de mais petróleo e gás”, respondeu um editorial na revista New Scientist.
    Há quase 2 mil anos, a Bíblia predisse com exatidão que os humanos ‘arruinariam a Terra’. (Revelação [Apocalipse] 11:18) Não há dúvida de que o mundo precisa de um líder com a sabedoria e o poder para alcançar objetivos desejados, e de súditos que se sujeitem a ele. Será que algum líder político ou cientista, sincero e brilhante, poderá cumprir esse papel? A Bíblia responde: “Não confieis nos nobres, nem no filho do homem terreno, a quem não pertence a salvação.” — Salmo 146:3.

    O futuro da Terra — em boas mãos!

    Só existe um Líder que pode resolver os problemas com que o mundo se confronta. A respeito desse Líder, a Bíblia predisse: “Sobre ele terá de pousar o espírito de Jeová [Deus], o espírito de sabedoria e de compreensão, o espírito de conselho e de potência, o espírito de conhecimento e do temor de Jeová . . . Terá de julgar com justiça os de condição humilde . . . e ao iníquo entregará à morte com o espírito de seus lábios.” — Isaías 11:2-5.
    A quem se refere essa profecia? A ninguém mais senão Jesus Cristo, que amorosamente entregou sua vida por nós. (João 3:16) Jesus, que agora é uma poderosa criatura espiritual, recebeu de Deus autoridade e poder para governar a Terra. — Daniel 7:13, 14; Revelação 11:15.
    O vasto conhecimento de Jesus sobre a criação de Deus, que adquiriu antes de vir à Terra, o torna ainda mais qualificado. De fato, muito tempo atrás, quando Deus formou o Universo físico, Jesus foi seu “mestre-de-obras”. (Provérbios 8:22-31) Pense nisto: Jesus, a mesmíssima pessoa que ajudou a criar a Terra e todas as criaturas vivas, tomará a dianteira em desfazer os danos causados pela má administração humana.
    Quem serão os súditos de Cristo? Pessoas realmente mansas e justas que conhecem o Deus verdadeiro, Jeová, e obedecem a Jesus Cristo como Governante. (Salmo 37:11, 29; 2 Tessalonicenses 1:7, 8) Jesus disse que elas “herdarão a terra”, que será transformada num paraíso. — Mateus 5:5; Isaías 11:6-9; Lucas 23:43.
    O que você precisa fazer para ver o cumprimento das promessas da Bíblia? O próprio Jesus responde: “Isto significa vida eterna, que absorvam conhecimento de ti, o único Deus verdadeiro, e daquele que enviaste, Jesus Cristo.” — João 17:3.
    Pode até parecer que nosso planeta está em perigo, mas não há dúvida de que esse lar da humanidade nunca deixará de existir. Na verdade, são aqueles que continuam a desrespeitar a criação de Deus e se recusam a obedecer a Jesus Cristo que estão em perigo. Assim, as Testemunhas de Jeová incentivam você a absorver o conhecimento que conduz à vida eterna.

    ALÉM DO ALCANCE DA CIÊNCIA

      Apesar de estarem bem a par dos riscos envolvidos, milhões de pessoas prejudicam a mente e o corpo por usar drogas recreativas, abusar do álcool e fumar. Para elas, a vida é tudo, menos um presente sagrado de Deus. (Salmo 36:9; 2 Coríntios 7:1) Infelizmente, essa mesma atitude é demonstrada com relação à Terra, aumentando os problemas ambientais.
      Então, qual é a solução? Será que a ciência e a educação acadêmica podem resolver esses problemas? Na verdade, não. Um problema de natureza espiritual precisa de uma solução espiritual. A Bíblia apóia esse fato. Assim, ela promete que virá o tempo em que os humanos ‘não farão dano, nem causarão ruína’ à Terra porque ela vai “encher-se do conhecimento de Jeová assim como as águas cobrem o próprio mar”. — Isaías 11:9.

    O fascinante milho

    ATÉ alguns anos atrás, Harlin cultivava milho na região dos Finger Lakes, no Estado de Nova York, EUA. Ele sempre gostava de explicar a amigos e visitantes como o milho é fascinante. Despertai! convidou Harlin a compartilhar com nossos leitores um pouco do que sabe sobre o milho. Também vamos considerar outros aspectos dessa planta notável. Por exemplo: De onde veio? Como se espalhou pelo mundo? E quais são suas utilidades? Vejamos a descrição de Harlin de algumas das coisas que tornam o milho fascinante.

    A planta “fala”

    “Para mim, o milho é uma obra de arte e uma maravilha da matemática. Desde as folhas até cada um dos grãos da espiga, tudo tem um padrão definido e bonito de ver. Além disso, à medida que cresce, a planta ‘fala’ com quem cuida dela, ‘dizendo’ se está com sede ou mal alimentada, como um bebê, que chora quando precisa de algo. Assim como muitas outras plantas, o milho em crescimento dá sinais do que precisa, às vezes por meio da cor e do formato da folha. O segredo é reconhecer esses sinais.
    “Folhas roxo-avermelhadas podem indicar falta de fosfato. Outros sintomas talvez indiquem falta de magnésio, nitrogênio ou potassa. O agricultor também pode dizer, só de olhar, se o milho tem uma doença ou se foi danificado por substâncias químicas.
    “Como todos os plantadores de milho, eu semeava na primavera porque o solo é mais quente, o que facilita a germinação da semente. De quatro a seis meses depois, minha plantação estava bem desenvolvida, com cerca de 2 metros de altura.
    “O milho cresce em estágios que podem ser determinados pela contagem das folhas. No estágio de cinco folhas, ele mostra suas habilidades químicas e ‘matemáticas’. Primeiro, as raízes fazem uma análise abrangente do solo. As informações coletadas formam a base de um programa de crescimento que define a grossura ideal da espiga, que é medida pelo número de fileiras de grãos. Daí, entre o estágio de 12 folhas e o de 17 folhas, análises adicionais de solo ajudam a planta a estabelecer o número ideal de grãos que vão crescer nas fileiras. Em resumo, a planta de algum modo calcula como obter os melhores resultados possíveis do solo. Outras evidências de um projeto maravilhoso se encontram nos detalhes da reprodução do milho.”

    Pendões, anteras e cabelos

    “Cada planta tem características femininas e masculinas. A inflorescência delgada no alto da planta é a parte masculina, o pendão. Cada pendão tem cerca de 6 mil botões de flor, ou anteras. As anteras de uma só planta liberam milhões de grãos de pólen. Levado pelo vento, o pólen fertiliza os óvulos dentro das espigas não desenvolvidas de plantas nas proximidades. Os óvulos ficam protegidos dentro da palha.
    “Como o pólen consegue passar pela palha do milho até os óvulos? Por meio do cabelo, composto de fibras macias e esbranquiçadas na ponta da espiga. Cada espiga possui centenas delas. O cabelo se origina do ovário, que abriga o óvulo. Para cada fio de cabelo, há um óvulo, que por sua vez produz um grão de milho.
    “A ponta visível dos fios de cabelo, que balançam ao vento cheio de pólen, tem fios bem finos chamados estigmas, que agarram os grãos de pólen presentes no ar. Ao ficar preso em qualquer parte exposta de um fio de cabelo, o grão de pólen germina e envia um tubo semelhante a uma raiz por dentro do cabelo, para fertilizar o óvulo.
    “A falta de grãos de milho na espiga indica que alguns fios de cabelo não foram polinizados, talvez por não terem crescido a tempo. Isso pode acontecer quando o solo é seco. Mais uma vez, se o agricultor conhece os sintomas, geralmente pode fazer algo para corrigir o problema e melhorar a produção — se não a atual, pelo menos a próxima. Algo que já fiz para melhorar as safras foi plantar milho num ano e soja no outro. A soja é uma leguminosa que acrescenta nitrogênio ao solo, e que a broca-do-milho — uma lagarta devoradora — não consegue comer.
    “Sempre me dá muito prazer quando vejo um campo vazio ficar verde aos poucos e produzir uma grande quantidade de alimento; tudo isso sem poluir e de modo silencioso e belo. Estou realmente convencido de que o milho — como todas as outras plantas — é uma maravilha da criação. E o que aprendi não é nada em comparação com o que ainda posso aprender.”
    Será que os comentários de Harlin deixaram você ainda mais curioso sobre outros aspectos dessa incrível planta? Considere a história do milho e sua versatilidade.

    Do México para o resto do mundo

    O milho começou a ser cultivado nas Américas, muito provavelmente no México, e se espalhou dali para outros lugares. Os peruanos pré-incas adoravam uma deusa do milho que usava uma coroa com espigas dispostas como os raios de uma roda. Joseph Kastner, escritor sobre assuntos naturais, disse que os índios das Américas “adoravam [o milho] como uma coisa feita pelos deuses, do qual o próprio homem foi criado . . . Sua produção era muito barata; uma única planta supria o suficiente para alimentar um homem por um dia”. No entanto, os nativos suplementavam sua alimentação com feijão, uma prática comum entre os latino-americanos até hoje.
    O milho só se tornou conhecido na Europa em 1492, depois que o explorador Cristóvão Colombo chegou ao Caribe. O filho de Colombo, Fernando, escreveu que seu pai viu um grão “que chamam de milho e é muito saboroso — cozido, assado ou transformado em farinha”. Ao retornar, Colombo levou sementes de milho, e “em meados do século 16”, escreveu Kastner, “[o milho] estava sendo cultivado não só na Espanha, mas também na Bulgária e na Turquia. Traficantes de escravos levaram milho para a África . . . Homens de [Fernão de] Magalhães [explorador espanhol nascido em Portugal] deixaram sementes mexicanas nas Filipinas e na Ásia”. A partir de então, o milho começou a ser cada vez mais usado.
    Hoje em dia, o milho é o segundo cereal mais produzido no mundo, superado apenas pelo trigo. O arroz vem em terceiro lugar. Esses três produtos básicos alimentam a maior parte da humanidade, além de animais de criação.
    Como outras gramíneas, há muitas variedades de milho. De fato, só nos Estados Unidos existem mais de mil variedades catalogadas, incluindo as híbridas. As plantas variam em altura, desde aquelas com cerca de 60 centímetros até as gigantescas, com 6 metros! O comprimento da espiga também varia. Algumas têm apenas 5 centímetros; outras, impressionantes 60 centímetros. O livro Latin American Cooking (Culinária Latino-Americana) diz que alguns tipos de milho da América do Sul plantados atualmente produzem espigas imensas, de formato oval, com grãos achatados de 2,5 centímetros de comprimento, e quase o mesmo de largura.
    Também existem várias cores de milho. Além de amarelas, as espigas podem ser vermelhas, azuis, rosas ou pretas. E em alguns casos elas podem ter grãos de cores variadas, formando faixas, manchas ou listras. É por isso que às vezes essas espigas coloridas, em vez de irem para a panela, tornam-se enfeites muito bonitos.

    Um grão versátil

    As muitas variedades de milho são agrupadas em seis famílias principais: milho-dente, milho-duro, milho amiláceo, milho-doce, milho ceroso e milho-pipoca. O milho-doce corresponde a uma pequena parte do milho cultivado no mundo. Seu sabor doce deve-se a um defeito metabólico que faz com que menos açúcar do que o normal seja convertido em amido. No mundo inteiro, mais de 60% da produção de milho alimenta animais de criação e pouco menos de 20% é para o consumo humano. O restante é usado na indústria ou no plantio. Naturalmente, a porcentagem varia de país para país.
    O milho tem inúmeras utilidades. Os grãos ou seus derivados podem ser encontrados em qualquer coisa, de adesivos a maionese, e de cerveja a fraldas descartáveis. O milho é empregado até na indústria de combustíveis, para produzir etanol, e isso tem gerado controvérsias. Com certeza, a história dessa planta notável e versátil ainda está sendo escrita.

    Milho híbrido

      Em muitos países, plantadores de milho geralmente cultivam os híbridos porque dão uma boa produção. As variedades híbridas, na maioria de milho-dente, são desenvolvidas pelo cruzamento controlado e repetido de plantas da mesma família com as características desejadas. Mas essa prática obriga os agricultores a comprar semente para cada safra. Por quê? As sementes da safra híbrida anterior podem produzir plantas de qualidade inferior e uma safra menor.

    Fonte: (Despertai Agosto de 2008)