A Organização que 'Protege os Pumas'
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Leão
Baio:
Leão Baio, vida selvagem, vida
discreta, incompleta,
Abreviada pelo desconhecido, que
ignora a imponência,
A vivência do velho desbravador das
Américas,
Felino, vivente das serras, dos
campos,
Das matas teimosas, resistentes,
Vida fugida dos estalidos doídos, a
aferir-lhe.
O norte da sobrevivência.
Agora entendo porque vivias invisível na mata!
Tua coragem e ousadia
Nunca foram para impressionar o homem
temeroso,
Mas tu as usavas para manter-te
No topo da pirâmide trófica
Indispensável para equilibrar a
existência,
Com todos os seres a dividir nos
campos e montanhas,
A grande façanha da continuidade da
vida,
Da corrente da qual és um elo
importante.
Fala viajante, conta-me por onde
andas,
Qual o território em que és senhor e
protetor?
Por que teu lar discreto nestes anos
ficou a descoberto?
Por que matas o cordeiro que vive
faceiro junto da mãe?
Por que não ficas aonde o Criador te
colocou,
Dentro da densa mata, das altas
montanhas, nos distantes capões?
Por que manifestar tua existência em
pecados jamais perdoados?
Matas a fome, mas escreves com o
sangue das ovelhas tua sentença de morte e de ódio do homem que não te entende.
Como defender tuas qualidades, tua
determinação,
Tua agilidade de máquina selvagem,
O apuro de teus sentidos, a
imponência discreta,
A elegância de rei,
De compassivo pai,
De cuidadosa mãe Leoa
Que derrama o sangue pela prole?
Foge puma serrano, foge puma Lageano!
Desdenha a ovelha fácil, uma
brincadeira diante da tua máquina selvagem de caçar,
Diante de tuas patas poderosas com
garras cortantes,
Formadas em teus músculos bem
constituídos,
De felino possante.
Leão Baio, tropeiro desbravador das
matas, pioneiro.
Forte e destemido como todo o serrano
alçado
Mas não subjugado pelas taipas
divisoras.
Andante cavaleiro dos campos altaneiros
de cima da serra.
Livre como o vento, forte como a
araucária que dribla os açoites dos bravos com braços agitados.
Foge das fazendas! Foge dos coronéis
contemporâneos,
Aristocratas da vida, do tempo e do
espaço.
Vive tua vida longe do balaço,
Do bravo serrano
Que não apascenta a ovelha,
Mas disputa contigo a presa dócil e
fácil.
Foge do homem bravo, cuide de tua
prole e da vida na serra, na sua intrincada complexidade,
Para que nossas proles também tenham
futuro
E sonhos para serem vividos nos campos,
Nas montanhas, nas cachoeiras e rios
límpidos deste imenso ‘Sertão das Lagens’.
Claudio
Rodrigues da Silveira